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sábado, 31 de julho de 2010

Ponto final.

Havia uma estrela no céu,
duas, três, quatro. Havia uma infinidade de estrelas.
Ao mesmo tempo que presenciava aquela imagem,
despi-me de todas as minhas ilusões.
Despi-me de desejos, sentimentos e emoções.
Deixei tudo para trás, deixei você.
Havia uma estrela no céu,
solitária, assim como eu, despida de sonhos e anseios.
Lhe sorri, o sorriso foi retríbuido.
Havia uma estrela no céu.

A fuga nºII

Tentei agarrá-las com força, não adiantou.

Talvez eu fosse mesmo fraca, talvez elas não fossem algo que eu devia desejar.

Não desisti. Reuni num ato quase heróico todas as minhas forças e corri atrás delas. Não adiantou.

Parei. Fiquei em silêncio por longos instantes, não havia perspectiva alguma.

“Tudo bem”, repeti diversas vezes. Não estava tudo bem, mas minhas lástimas não me serviriam de nada no momento.

Continuei buscando-as, nada adiantou.

“Porque foges de mim?”

Sem título.

As luzes se apagaram.

Olhei em volta tentando observar algo familiar, foi quando eu percebi, não havia nada.

Estava tudo tão escuro, como nunca antes havia estado. Pela primeira vez em anos não fiquei apavorada. Foi como me sentir segura, me senti bem naquele escuro.

Eu não quis fechar os olhos.

Mesmo naquela escuridão as coisas estavam tão claras para mim. Comecei a ter certeza das coisas. Descobri o que precisava ser feito.

Naquele escuro palavras foram ditas e histórias foram contadas. Estava tudo resolvido, todos os problemas, todas as soluções estavam lá esperando por mim.

Não adiantou, minha teimosia não me permitiu tocar em nenhuma das resoluções.

Não quero mais atalhos.

Camilla de Oliveira

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Atraso

Esse foi um dia diferente, não foi?
Não houve sol que fizesse as coisas ficarem coloridas.
Foi a impressão que eu tive, na verdade,
Nada vi, ou ouvi
Estive presa nos meus pensamentos
Me desculpe pelo atraso, não foi a intenção.
Fiquei imersa nas nuvens lá fora,
Nada vi, ou ouvi
Não havia nada, mas aquele nada foi cheio de tudo!
Me desculpe pelo atraso, ele não se repetirá.

domingo, 25 de julho de 2010

Tolices

Na verdade a subjetividade é algo pertinente. Sinceramente, não sei o que haveria de ser sem ela. Seríamos robôs? Sem emoções, sentimentos, sem todas as coisas abstratas que nos cercam?

Eu detestaria viver num mundo assim.

Por mais que eu ache que toda essa emoção barata já está fora de moda... Nada seria de mim sem ela. Reconheço, por mais difícil que seja, que mesmo cansada de sentir, não renuncio.

A todos aqueles que amam sem medo, meus parabéns. Vocês são os mais verdadeiros e mais magníficos que vivem nesse mundo.

A todos aqueles que são como eu e tem medo, bem, desejo-lhes sorte para enfrentar o caminho tortuoso que tem pela frente. Será difícil, mas devo dizer... Não impossível.

Se me fosse permitido aconselhar, diria: “Nada é irremediável, então... não lhe custa tentar. Se arrisque se preciso, se expresse, ame, sofra, viva.Permita-se”. E se o arrependimento bater... É inevitável, mas finito, uma hora ele há de ceder e ir embora.

Nada é para sempre, nada é eterno. Dou graças a isso também, pois nada seria do mundo se as coisas não se renovassem. A mesmice é uma besteira, a mudança uma tolice.

Fico no meio termo.

 

A.France

sábado, 24 de julho de 2010

Tempo

Sinto vontade de aprisionar o tempo, cada segundo, cada minuto.
Eu, que sempre estive aflita. Eu que sempre fiz questão que ele voasse como os pássaros voam lá fora.
Hoje, cada vez que o tempo avança, cada vez que eu não percebo o avanço…
É como se tudo me levasse para longe… Longe da vontade, longe da sensação de conforto.
Tempo, te quero, te quero arrastado, novamente.
Tudo o que eu gostaria no momento, é que o tempo estivesse se arrastando como um prisioneiro.
Meu prisioneiro.
Tempo, quero-te preso. Quero-te amarrado nas doces amarras da saudade, nas amargas correntes do desespero, nas angustiantes horas de tédio.
Te quero aqui, te quero pra mim.
Tempo.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Que notícias me dão dos amigos?

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Só tenho a agradecer, pois, diante de todos os desencontros, todas as despedidas, partidas, lástimas, diante de tudo, todos, encontrei você.

Amigo, não tenho palavras para dirigir a você, todas me parecem pequenas demais. Mesmo palavras como amor, deixam de assumir uma forma grandiosa.

Querido amigo, só tenho a agradecer, pelas horas de apoio, pelas histórias compartilhadas. Sem você eu nada seria. Sem você tudo deixaria de ser tudo, tudo seria nada.

Amigo. Quantas horas não passamos tentando entender tudo o que nos unia, e une, e continuará unindo. Nada de significados, com você ao meu lado, não preciso deles.

Querido amigo, você que mesmo em períodos de ausência esteve presente, você que mesmo quando triste sorriu, só tenho a agradecer. Obrigada pela dedicação.

Amigo, meu querido. Você que por vezes foi minha família, foi tudo o que eu precisei, não há como demonstrar minha gratidão, nem por palavras, nem por ações. Nem ao menos o silêncio, um olhar.

Amigo, feliz dia do amigo, estarei aqui por você, não só hoje, não só amanhã. Estarei aqui, por você, sempre. E mesmo que em tempos de afastamento, em tempos de brigas, desentendimentos. Saiba amigo, eu estarei aqui.

 

Dedico este pequeno momento a vocês, você Catrine Moura, você Letícia Ferreira, você Mayara Moura, você Carolina Sciamana, você Bárbara Carvalho, você Raphael Jutkoski, você Felipe Altarugio, você Cristiano Rubini, você Rafael Mendes, você Yan Rodrigues, você Jimmy Cavalcanti.

domingo, 18 de julho de 2010

José.

JOSÉ
Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José ?

e agora, você ?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama protesta,

e agora, José ?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José ?

E agora, José ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora ?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse…

Mas você não morre,

você é duro, José !

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José !

José, pra onde ?

domingo, 11 de julho de 2010

Momento.

4553979401_df03e11523_large[1] Uma carta foi tudo o que deixei.

Naquela noite as coisas estavam completamente diferentes e diante de todos aqueles últimos atos, falhos, não me restou alternativa se não dizer…

Adeus.

Peguei as poucas coisas que me pertenciam, deixei-as na porta de entrada. Dirigi-me a cama, onde ele dormia tranquilamente, ajoelhei-me ao seu lado. Observei-o por alguns intantes. Silêncio.

Beijei-lhe a testa.

Adeus.

Fui até a entrada do que, dias antes, eu considerava meu lar, hesitei. Uma lágrima teimou, uma lágrima molhou minha face esquerda. “Essa é a última coisa que você terá de mim.” proferi silenciosamente.

E lá estava eu, uma nova eu. Peguei minhas coisas e sai.

Deixei a carta na cabeceira. “Espero que ele encontre”, pensei.

A partir daquele momento, todas as preocupações tomaram rumos diferentes, rumos distantes. Daquele momento em diante só me restariam incertezas que eu procuraria trasformar em certezas.

Caminhei até aquele lugar, aquele mesmo lugar onde anos antes nos conhecemos. Foi como se eu voltasse no tempo, como se fosse novamente aquela tarde de outono onde as folhas caiam no chão.

Um novo recomeço, uma nova perspectiva.

Adeus.

 

Camilla de Oliveira – 11 de Julho de 2010

Comunicado.

Venho por meio deste comunicar algumas mudanças aqui no blog.
Tem certas coisas que estão me deixando meio transtornada, e eu sinto muito em tomar uma atitude como essa, mas não me resta escolha, antes minha sanidade que qualquer outra coisa.
Não vou citar nomes, mas eu detesto quando não entendem meus textos, ainda mais quando tomam as dores deles pensando que são minhas dores. Não chegam nem perto das minhas dores!
Na verdade são dores ficticias, não passam, muitas vezes, de fingimento! O escritor escreve uma dor que não é dele! Entendam isso por favor.
Bloqueei os comentários, não quero comentários, e não, eu não vou comentar no blog de ninguém, porque comentários não são 'moeda de troca', vou comentar em blogs que eu acho que deva comentar, em assuntos que me interessam...
A primeira atitude foi bloquear os comentários, depois disso se continuar vou tornar o blog privado pra só que eu quiser poder ler.
Sem mais. Grata.
Camilla.


E enquanto eu ainda to revoltada aqui, dêem uma visitada no blog da Nady, Laune, ela tá querendo fazer uma tatuagem e precisa de ideias, mandem sites e tudo mais, é isso aí. Sou fã do Laune (y)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ninguém, sou eu.

Sinto como se eu estivesse no meio de uma tempestade,
a água da chuva molha minha face,
meus olhos cansados enchem-se de lágrimas.
Se eu ao menos soubesse para onde ir,
Se ao menos houvesse uma saída.
E tudo me cerca, tudo me empurra diretamente para o olho de um furacão.
Um furacão de palavras e sentimentos que eu não consigo decifrar,
Eu já não enchergo as palavras,
não as vejo com tanta nitidez,
esse é o meu pior castigo, não saber onde achar aquilo que me constrói.
Me torno alguém que não sou,
alguem mudo, sem voz, sem palavras.
Alguém sem palavras não é ninguém.
Eu não sou ninguém e ninguém sou eu.
Me resta algo?
Nada.
Não me resta nada.

Camilla de Oliveira - Dezoito de Novembro de 2009

terça-feira, 6 de julho de 2010

A recusa de significados

O que tornas as coisas significativas?
Sentimentos.
Entendo, então muito obrigada. Não quero significados.
Estou farta de sentimentos. Cansada de ilusões.
Por fim… estou perdidamente atraída na afirmação de que ser insensível é não ter sentimentos.
Ser insensível é apenas uma parte do processo.
Estou muito bem com isso, obrigada.

A. France

Vozes da cidade

tumblr_l54kojDSnd1qbfuduo1_400_large A noite tomou conta do dia e, com ela… a desertificação acompanhou a doce ilusão.
Ah!, a cidade! Não mais a reconheço como antes, mas sei que ela ainda tenta me dizer algo.
O barulho do vento se intensifica quando choca com os prédios, carros ao longe. Passos.
Vozes da cidade.
O som se intensifica, o que quer dizer? Fúria, som. Ouço vozes.
Vou longe, ando por essa cidade, descalça, sem nada comigo além da roupa do corpo e alguns, poucos, sonhos. A cidade quer me dizer algo. Não há como ignorar, fala mais, fala mais alto!
Meus passos ganham forma mais determinada, sigo meu caminho mais rápido, não tenho muito tempo a perder.
E quanto a proximidade… entre mim e esta querida cidade, bem! Ela me pertence e da mesma forma suas vozes. Minhas vozes, minha cidade.
Vozes da cidade, querem me dizer algo…