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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sobre a normalidade e, por consequência, a loucura…

Algo que tem tomado conta dos meus pensamentos nos últimos dias é essa questão sobre ser ou não normal, ser ou não louco.
Quem pode me dizer se sou alguém normal? O que é ser alguém normal? Existe algo normal neste mundo?
Ok, comecemos com apenas uma pergunta, com tantas diferenças, com tantas semelhanças que não passam de máscaras, alguma coisa nesse mundo pode ser considerada um padrão, um modelo a ser seguido?
Todo o conceito de normalidade da sociedade atual está inteiramente ligado ao modelo de sociedades ultrapassadas. Uma família ideal na sociedade ocidental é composta por um homem, o pai de família que trabalha para o sustento dos filhos e da mulher, a mãe, que é submetida ao trabalho doméstico e à criação dos filhos, e os filhos que devem ter boa conduta, tirar boas notas e tudo mais, a filha deverá ser casta, e se portar bem diante da sociedade,o filho seguirá exemplos do pai, também, por motivos óbvios, poderá, uma vez ou outra, agir como um garanhão, ganhar e quebrar corações apenar para provar sua virilidade.
Há muitas famílias assim atualmente, mas não se engane, nada é tão perfeito quanto parece, por trás de uma família perfeita, ou melhor, normal, há verdades que a sociedade luta para esconder, o pai que trabalha duro para o sustento da casa não passa de um alcoólatra viciado em jogo, a mãe zelosa e cuidadosa com a família não passa da amante do vizinho, a filha educada e casta é na verdade aquela que os garotos procuram quando querem se divertir, e o filho prodígio é o machista que maltratará sua esposa futuramente.
A sociedade impõe a normalidade para encobrir as falhas desta entidade milenar chamada família. A sociedade impõe a normalidade aos loucos. E por que eles são loucos? A resposta é muito simples, eles tinham tudo para encontrar a sua felicidade, o pai poderia buscar ajuda, a mãe poderia pedir divórcio, e ambos poderiam ajudar seus filhos a achar um rumo na vida. Mas não é isso que acontece, eles ficam juntos, sofrem dia após dia porque julgam, ou ao menos querem, ser normais.
Eles vivem como querem que eles vivam, seguem regras que não entendem (nem aceitam), regras que acatam para não serem ridicularizados e desmoralizados. E ainda, se colocando num lugar melhor ao que pertencem, achando-se no direito de chamar aqueles que contestam as regras da sociedade de loucos.
Louco é aquele que se julga normal. E normais (provavelmente) são aqueles que contestam todas essas regras e hierarquias, porque você não pode simplesmente aceitar que te rotulem, que te mandem ser algo que você não é. Aceitar tudo isso é ser louco.
A sociedade demora a evoluir e esse atraso gera conflitos entre aqueles loucos que se acham normais e aqueles normais que são julgados loucos, isso gera as mudanças que a sociedade precisa. Essa luta constante pode não aparentar resultados positivos, mas olhe em volta, com essa luta contra aqueles que não enxergam porque não querem ver, as mulheres conquistaram o direito de votar, os negros ganharam a voz que precisavam, as mulheres conquistaram o mercado de trabalho, e há ainda uma infinidade de conquitas.
Devemos tudo isso aos ‘loucos’ que a sociedade tanto recrimina.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ao passado longínquo que eu não consigo esquecer

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Poderia dar tudo nesse momento,
e ainda assim estar com tudo o que me restou.
A vida que eu tenho enxergado…
nada mais é do que uma visão turva, falha,
daquilo que eu não queria ver, mas sou obrigada.
Eu te estenderia a mão
daria meu apoio incondicional, se eu pudesse.
Só fique longe, é tudo o que peço.
Sinto sua falta, a saudade me consome.
Mas sei que não posso ir adiante, não ao seu lado,
Sei que você não entende isso,
sei que você acha que isso significa que já não há sentimento.
Passei por cima de meus medos, meus sentimentos,
para o que julgava ser melhor para nós.
Fugi do que não queria para te libertar de uma possível culpa futura,
fugi daquilo que eu queria por amor.
Agora, renego minha saudade, renego a sua falta,
para não ir atrás de você e dizer que não consigo mais.
Estou cansada de negar, renegar, esconder.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Você e meus erros


Não acho que a culpa tenha sido inteiramente minha,
não acredito que eu fui a causa das suas dores,
lágrimas e derrotas.
Estive te apoiando por mais tempo do que deveria,
no entanto, sinto-me um fracasso.

Um fracasso por não saber o que se passa diante dos meus olhos,
nao saber como isso pode ser resolvido,
por ter medo de ouvir sua voz.

 É difícil ler um "Eu te amo",
ainda mais quando ele vem acompanhado de um
"Vou sentir sua falta",
não posso pensar na possibilidade de não te rever ou falar com você novamente.

Pensar em tudo que eu te disse,
tudo que nós vivemos juntos,
todas as minhas confusões,
e 'eu te amo' não ditos.

Não me arrependo de nada,
nada do que eu fiz, ou não fiz, pode ser desfeito,
mas eu te queria por perto,
queria poder ouvir sua voz, ter o seu perdão.

Queria o perdão, que talvez nunca consiga.
Perdão por dizer 'eu te amo' quando não era o que eu realmente sentia.
Quando tudo o que você era pra mim era um amigo,
um melhor amigo, um confidente.

Talvez a culpa seja inteiramente minha, talvez.
Acho que eu deveria, ao menos, ter o direito de te dizer adeus,
te dizer 'eu te amo' mais uma vez, como uma amiga.



Uma hora eu apago tudo isso acima, uma hora eu deixo de ser sentimental, e deixo as pessoas partirem sem se despedir sem que lágrimas sejam derramadas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Último Pedido

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Sei que já não me resta muito mais nessa vida
Sofrimentos, arrependimentos, amores
Por isso diante do silencio eterno
Peço que leve meu ultime suspiro
Em minhas horas de sono
E em minha solidão.
Para que assim,
Na face da terra, minha existência desapareça por completo
Acompanhada de meus fantasmas e minhas memórias
Considere como meu último pedido
Pois sei que já não me resta muito mais da doce e amarga vida
Sei que já não me resta muito porque lutar,
Ou suspirar.
Não me resta mais tempo.
Só me resta esperar.

(Texto: Camilla de Oliveira – 13 de Outubro de 2009)
Escrevi pensando numa velha senhora que, no auge da sua velhice, sente o suspiro da morte soprar-lhe a nuca, o medo de partir não lhe assombra mais, afinal, nada pode ser mais assustador que uma vida não vivida, nem a morte.

Escolhendo o inimigo certo

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A importância dos outros na construção do eu é um ótimo tema para discussão. Será que o outro age de forma positiva ou negativa no nosso ser? Provavelmente em certo ponto essa influencia pode se tornar negativa, mas somente se você não tomar cuidado.
Se você não se conhece, não conhece seu ser, nem suas vontades e desejos, você certamente estará mais vulnerável a influência continua dos outros na sua vida. Porque todos nós estamos condicionados a conceitos dos outros e em geral os outros não aceitam diferenças porque sempre estão ocupados demais em julgar e aprisionar nossa alma.
Em geral, os grandes gênios são aqueles que não sofrem qualquer influência de outrem recebendo assim espaço para ser original, para ser brilhante. Você pode fazer parte do ciclo de outros, do seu amigo, do seu funcionário, do seu patrão. Todos nós somos outros.
O filósofo alemão Nietzsche tem como base de que temos que abandonar as estruturas, ou seja, a sociedade, para podermos conhecer nosso eu e assim não estarmos sujeitos a fazer escolhas que convenham ao outro. Para ele o objetivo do outro é nos dominar, e o amor é uma das formas de dominação utilizadas.
Nietzsche acredita que seja preciso escolher o inimigo correto para se opor. Se você escolher o outro como seu inimigo você estará travando uma batalha com o inimigo errado, seu grande inimigo nessa historia é você mesmo.
A solução para tornar essa influencia totalmente positiva seria conhecer nosso eu para, depois, não ter que procurar nos outros um inimigo.

(Texto: Camilla de Oliveira – Oito de Outubro de 2008)