Páginas

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Impossível ser feliz sozinho?

Com mais de seis bilhões de pessoas, indivíduos capazes de se relacionar, amar e sentir… Como pode o mundo sofrer de solidão?

Sentir-se só não precisa, necessariamente, estar ligado ao “estar sozinho”, sem família, amigos ou companheiros. Não, a pior solidão é aquela que vem acompanhada, aquela que gera em nós diversos questionamentos interiores… “Por que tão sozinho?”

As respostas não são poucas, assim como não são poucas as causas dessa solidão. Seja qual for, ainda há um outro questionamento a ser feito… “A solidão é, de fato, o mal do século XXI?”.

Pelo sim e pelo não, as pessoas estão sozinhas. O mundo passa por uma grande mudança nas relações interpessoais, que se tornam cada vez mais impessoais.

A impressão que isso passa é que as pessoas, cansadas de lidar com perdas e decepções, estão assumindo uma postura de distância umas das outras para evitar eventuais sofrimentos.

Esse receio de se relacionar; essa solidão, gera inúmeros problemas sociais, pessoas inseguras, pessoas doentes, mas há também um outro lado, em alguns casos, a ausência de relacionamentos fixos gera a felicidade.

Há pessoas sozinhas que, muitas vezes, se encontram mais felizes do que quando estavam acompanhadas e isso ocorre pela ausência da obrigação de atender às expectativas e imposições alheias.

O fato de existirem pessoas sozinhas e felizes provavelmente sirva para mostrar que a solidão talvez não seja o mal do século XXI e sirva também para contrariar os versos de Tom Jobim.

Talvez não seja tão impossível ser feliz sozinho.

 

29 de Setembro de 2010 – Camilla de Oliveira

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Negligência

Negligenciar fatos já não é mais uma opção válida,

erros, perdas, frustrações,

Não há mais tempo para isso.

Tudo deve ser, escute me com atenção,

Tudo deve ser minunciosamente analisado,

pontos e aspectos importantes,

sem sentimentos em demasia,

Pensei com a sua razão, deixe-se guiar por ela

Só ela poderá evitar negligências e equívocos.

Todos os fatos devem ser minunciosamente analisados,

Negligenciar fatos não é uma opção a ser considerada.

 

A. France

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ensanchas

A ferida escondida sobre as ensanchas do meu coração já não sangra mais, não se manifesta, não questiona, calada consente.

Memórias longínquas de um tempo em que talvez as coisas parecessem melhores, em que na minha idéia vivia um sentimento otimista de que tudo era tudo.

Hoje tudo é nada, tudo é tão ínfimo, tão doloroso, tão pequeno, insignificante.

Serei eu mesma, esta, confusa, que escreve palavras.

Serei esta, errada, presa ao nada, serei minha ferida, serei minhas ensanchas, serei amor.

Serei, por fim, nada.

 

A. France

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conflito.

Sinto ter que escrever isso, mas entenda, já não cabe dentro de mim, as palavras querem ser escritas e, por mais que eu deteste essa ideia, não posso afrontá-la por muito tempo.

Estou devastada, sinto algo, e sinto muito por isso. Sinto coisas que deixei de acreditar, não quero a crença do amor de volta, não quero a ilusão de volta.

Talvez eu só queira um pouco de paz, sua ausência.

O que faço? Não suporto sua ausência e já não te quero mais aqui.

Conflito.

Gostaria de poder abrir a janela e jogar todos esses sentimentos, todo esse apreço, todas essas sensações por ela, e deixa-las voar, deixa-las ir, deixa-las achar alguém que as queira.

Me pergunto, quem em sã consciencia gostaria de tê-las? Quem em sã consciência gostaria de amar como amo?

Na verdade, não amo, ou melhor, amo, amo sim, amo e amo muito. Um amor não amor, um amor de passagem, uma ilusão. O que há de errado nisso? Não há nada de errado.

Não há nada de errado em inventar histórias até que você acredite nelas e passe a viver pensando que são reais.

Conflito.

O que fazer se não suporto sua ausência, se tão pouco me interessa sua presença?

Egoísmo

Entenda, não posso escrever,

minhas palavras estão enfermas, devastadas.

Elas querem sair, querem dizer como vão as coisas,

mas a cada tentativa de fuga…

Seguro com força a caneta antes que essa atinja o papel,

dando espaço para uma eventual fuga de palavras.

Quero escrever, não posso.

Já não me resta muito, não quero dividi-las com ninguém.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Canção Para Álbum De Moça

Bom dia: eu dizia à moça
que de longe me sorria.
Bom dia: mas da distância
ela nem me respondia.
Em vão a fala dos olhos
e dos braços repetia
bom-dia a moça que estava
de noite como de dia
bem longe de meu poder
e de meu pobre bom-dia.

Bom-dia sempre: se acaso
a resposta vier fria ou tarde vier,
contudo esperarei o bom-dia.
E sobre casas compactas
sobre o vale e a serrania
irei repetindo manso
a qualquer hora: bom dia.
Nem a moça põe reparo
não sente, não desconfia
o que há de carinho preso
no cerne deste bom-dia.

Bom dia: repito à tarde
à meia-noite: bom dia.
E de madrugada vou
pintando a cor de meu dia
que a moça possa encontrá-lo
azul e rosa: bom dia.

Bom dia: apenas um eco na mata
(mas quem diria)
decifra minha mensagem,
deseja bom o meu dia.
A moça, sorrindo ao longe
não sente, nessa alegria,
o que há de rude também
no clarão deste bom-dia.
De triste, túrbido, inquieto,
noite que se denuncia
e vai errante, sem fogos,
na mais louca nostalgia.
Ah, se um dia respondesses
Ao meu bom-dia: bom dia!
Como a noite se mudara
no mais cristalino dia!

 

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Morte

Sinto muito, meu caro,

todos os seus esforços foram em vão…

Todas aquelas tentativas e buscas,

não valem, hoje, o chão que você pisa.

E, por mais que você acredite estar certo,

você está enganado!

Meu caro, todos aqueles que valem alguma coisa

já estão mortos há muito tempo.

 

A. France

sábado, 2 de outubro de 2010

Sem título.

Meu caro, não se engane, todos aqueles que valem alguma coisa já estão mortos há muito tempo.