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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Orgulhosa, teimosa, estupidamente sentimental

Considero a auto-descrição uma das coisas mais difíceis que existe, no entanto, ao transcrever-se em palavras você passa a ser livre para cometer qualquer ato de insanidade, insanidades saudáveis (ou no meu caso, não).
Algo que gosto sempre de dizer é: “Não me queixo”. Talvez essa seja apenas mais uma mentira que eu gosto de murmurar em horas de arrependimento. No fundo eu acredito que em tudo há um porquê de ser, incluindo aqueles nossos erros que preferimos esquecer.
Não me queixo.
Sou atormentada frequentemente pela minha inconstância, coisa que tento remediar com altas doses de precaução. Pensar demais e fazer de menos, esse é o papel que por muitas vezes eu realizei, estou farta.
Minha fuga? Temperamento. É ele que me faz cometer os erros que eu preciso cometer, mas não me permito. O temperamento é o antídoto quando meu remédio se torna meu veneno.
Impulsividade, é o nome do outro antídoto. Tomar atitudes sem nem antes pensar sobre elas não acontece todo dia, mas, geralmente, quando acontece…  As consequências não são poucas. Ainda preciso aprender a lidar com elas. Não é fácil.
O orgulho?
Meu inimigo constante. Não me permito errar, não me permito acreditar nos meus erros, o resultado? Não saber perdoar, nem pedir desculpas. Orgulhosa. Em todos os meus 17 anos mal vividos… Foram muitas as perdas por falta de um pedido de desculpas, e por mais que eu reconheça… Não há como mudar isso de um dia para o outro. O orgulho prevalece.
E, o que ele acaba por vezes ocasionando? Teimosia, em demasia admito. Não aceito muito bem conselhos, dicas, e todo o resto proveniente da opinião alheia, ok, mais um ponto negativo para mim. Teimosa. Bater a cabeça na parede até que isso possa parecer uma má idéia é uma péssima idéia. Pode rir.
Está com fôlego? É melhor estar, não estamos na parte complexa do meu ser ainda. A questão é, talvez eu não saiba quem sou. Na verdade, acredito que sei quem sou, mas por motivos desconhecidos por mim´até então… Omito isso de mim mesma, me fazendo acreditar em certas característas circunstanciais. Não importa, no momento.
Estupidamente sentimental, talvez um dos meus maiores erros! Ou acertos, creio que não há um modo de afirmar, pois, se não fosse sentimental não estaria aqui escrevendo essa descrição . Sou suscetível a melancolia, tenho uma paixão platônica, nem sempre correspondida, pelas palavras.
Acima de tudo, sou errante, um ser errante, não vou me culpar por isso, pois, se houvesse o perfeito o perfeito deixaria de ser assim que fosse.
Um ser errante, construído de palavras e sentimentos, por vezes, falhos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Toda aquela mesma história…

Estou cansada dessa falta de originalidade na minha pessoa. Estou farta de músicas melosas e palavras de consolo.
Quero encontrar um motivo para sorri, quero amar, mesmo não acreditando nisso que chamo de ‘amor’. Entenda… tudo o que quero é ter a possibilidade de fazer minhas escolhas sem esperar, ao final de tudo, a desilusão.
Preciso de alguém que me entenda, que me entenda em toda a minha falta de originalidade.

Camilla de Oliveira – Maio de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

19 de Outubro

Prometo que irei me atentar às palavras, e tão só e somente elas.
Há palavras para consolo, para alegria, raiva, tristeza, há palavras para tudo,
E é nelas que devo concentrar toda a minha consciência.
Ter consciência de que palavras não são só meras palavras, são sentimentos, expressões do que vemos neste mundo esquisito.
Prometo não me arrepender das minhas ações momentâneas, não suspirar pelos amores passados, não chorar pelas dores futuras.
Há ilusões que nos poupam da realidade sórdida, e essas ilusões nos mantém resistentes ao próximo baque, resistentes à próxima desilusão.
Se alguém me perguntar o que desejo, sorrindo com sinceridade, pedirei:
- Mais uma dose de ilusão, por favor!

A.France

segunda-feira, 14 de junho de 2010

“O poeta é um fingidor”

Um texto de Fernando Pessoa descreve tudo o que eu penso sobre o poeta, e não só ele, o escritor num geral… Lhes apresento,

 

Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

P.S.: Estou viva.