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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Equilíbrio

Se faz necessário, no caso de engano, atentar-se a pequenos padrões. Cenas antes vivenciadas, sentimentos já vividos, palavras ditas outrora. É importante utilizar-se destes para notar o engano, pois após certo tempo os métodos quantitativos e qualitativos confundem-se traçando uma linha tênue entre acerto e erro. Equilibrar-se nesta é tão difícil quanto posicionar-se em um de seus lados.

E se… Acertos forem erros e o oposto também for igualmente verdadeiro?

Quem pode julgar tamanha subjetividade?

domingo, 18 de setembro de 2011

Antigo, dos tempos de 2008

Já anoitecia, enquanto ela fazia preces e mais preces para que a escuridão não voltasse. Eram inúteis, ela sabia, mas eram sua única motivação, seu único objetivo de vida.

Quando a escuridão chegava e tudo ficava negro, era possível ouvir seu coração batendo com força. A aflição tomava conta de seu ser, enquanto sua carne, já esquecida, congelava com a gélida brisa da noite. Impossível não sentir agonia naquele momento, algo estava ali e ela sabia que não iria partir até que a escuridão e as sombras se fossem ao amanhecer.

Respirou fundo e levantou-se, não poderia ficar encolhida naquele canto, no chão, até que as longas horas da noite passassem. Torturantes horas de medo. Caminhou pelo breu, não enxergando nenhum palmo diante de seus olhos, esbarrou em alguns móveis posicionados na sala. Ao chegar à porta do cômodo estagnou, paralisada não conseguia mover nenhum músculo de seu corpo. As tentativas eram inúteis e no fundo, no fundo, ela sabia disso.

Aquilo sempre sempre a perseguiria. Um estranho, desconhecido...

Perdas, transformações, mudanças e preconceitos.

Com o tempo aprendemos que perdas são acontecimentos necessários, mas isso não significa que estejamos preparados para lidar com elas. E a palavra perda tão pouco representa a essência do seu significado. A perda, em sua grande maioria, significa pouco mais que ‘partida’, engana-se aquele que acredita que as coisas se perdem, nada se perde.

Aquilo que acreditamos ter se perdido encontra-se por aí, transformado. Mudanças são necessárias, o mundo está cheio e a vida farta delas…

Ainda assim… mesmo depois de me convencer com argumentos que acredito terem muita relevância, não posso evitar, não quero perder as coisas, não quero deixar que elas se transformem em incertezas sob as quais não tenho controle.

Afinal, não é isso que é necessário evitar? O preconceito daquilo que não conhecemos por causa do medo de não ter poder sobre o desconhecido? De certo modo, acredito ser mais do que evitar… Na verdade, se faz necessário banir.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Abraço

Em meio a inúmeras transformações e reviravoltas algo havia se perdido… E, por mais que ela entendesse e tivesse se comprometido a lidar com eventuais perdas e mudanças, não poderia evitar certos pensamentos que geralmente não passavam de perturbações.

Quando se cansava de pensar a respeito de tudo e todos não mais esbravejada como antes, pelo contrário, após perceber que de nada adiantava aprendeu a fechar os olhos e transportar-se a um mundo só seu. Um mundo onde nada havia se perdido ou sido deixado para trás.

Ela podia sentir sentimentos de outrora com a mesma intensidade, sem remorso ou culpa, sem precisar se preocupar com todas aquelas consequências e todos os poréns. Nada de antigas e novas perturbações.

E… Ao abrir os olhos era possível se sentir revigorada, pronta para uma nova batalha, pronta para continuar sua jornada.

Era possivel abraçar o mundo…

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Capitalismo de Estado molda a segunda etapa da globalização

O Leviatã, obra de Thomas Hobbes escrita no século XVII, tem como base o fato a insatisfação do homem, em seu egoísmo exacerbado, com o mundo, que não consegue suprir todas as suas necessidades, e para domar esse egoísmo e essa luta de ‘cada um por si’ surge, na concepção de Hobbes, a necessidade de um Estado que regulamente e imponha regras à sociedade civil, um governo absoluto e incontestável. O Estado seria o responsável pelo contrato social.

Desde a queda do Muro de Berlim acreditou-se que o liberalismo passaria a reinar daquele ponto em diante, o Estado estaria mais de acordo com idéias de John Locke, ou seja, serviria somente para a regulamentação e ordem, não haveria poder absoluto e incontestável, o Governo só se certificaria de que os contratos estariam sendo cumpridos.

O neoliberalismo foi então surgindo aos poucos, o neoliberalismo pode ser interpretado como um liberalismo aplicado, de fato, à realidade na qual nos inserimos, é o liberalismo colocado em prática.

Com a crise econômica de 2008, tudo isso foi virado ao avesso e eis que surgiu, de resquícios e necessidade, o que chamaríamos de ‘Novo Leviatã’, onde o estado retorna ao controle, dessa vez a fim de reorganizar um sistema em colapso.

Nos tempos da crise, várias empresas foram estatizadas, as despesas públicas aumentaram, foram lançados pacotes fiscais multimilionários de estímulo às economias e os déficits públicos cresceram a níveis recordistas.

Nos Estados Unidos esses sinais já vinham sendo notados antes mesmo da crise, George W. Bush contrariou as receitas econômicas liberais propaladas pelos republicanos promovendo aumento de gastos públicos com a Guerra do Iraque e, por outro lado, gastou também ampliando o sistema de saúde para idosos.

O termo Globalização, que era utilizado para associar a concorrência de grandes empresas privadas do mercado mundial, agora passa por uma transformação, onde é necessário rever seu significado. A emergência de empresas estatais entre grandes conglomerados globais reflete mudanças decisivas onde a principal é o sucesso de modelos estatais como o da China, onde as decisões são tomadas pelo núcleo de poder político.

A Segunda etapa da Globalização apresenta de maneira cada vez mais acentuada um aspecto policêntrico.

“Não é preciso apostar no rápido declínio dos Estados Unidos para constatar que o século XXI não será a era do liberalismo triunfante profetizada na hora da extinção do socialismo soviético.”

 

 

Baseado no Artigo de mesmo nome retirado do jornal Pangéia, Abril de 2010.

A Música, a dança.

Levou um bom tempo até que eu finalmente percebesse que a nossa música não era nossa...

Sempre foi minha, sempre fui eu.

Sozinha.

Chave

Sinto que preciso simular mais, criar mais… Procurar aquelas antigas personagens, aquelas antigas histórias.

Aparentemente, quando não temos do que fugir paramos de procurar realidades paralelas onde tudo costuma ser melhor descrito do que a nossa própria.

A porta está fechada, procuro a chave que me faça voltar ao mundo das palavras.

Esquecer.

O primeiro passo para esquecer algo é expondo-o.

A Dança

“Nada é impossível”, disse ele enquanto me segurava pela cintura e me conduzia no ritmo da música. Deixei minha cabeça cair-lhe sob o ombro enquanto aquelas palavras ecoavam dentro de mim.

Lembro-me de ter fechado os olhos por alguns instantes, havia esperado tanto por aquele momento, tudo o que queria era guardar cada gesto, cada movimento. Queria guardar aquele momento para sempre.

Ele certamente me intimidava, eu podia jurar que nunca havia me sentido daquela maneira antes. Olhei-o nos olhos, ele me sorriu como se eu fosse a única coisa que lhe importava, eu estava sob o seu domínio, pertencia a ele. E ele me pertencia.

Pertencia-me como sempre, mas já não em um sonho tolo que uma garota tem sobre uma ilusão qualquer. Ele agora era tudo, menos ilusão. Era real, podia senti-lo comigo.

Nada poderia nos separar, estávamos ligados pela eternidade, o que quer que isso significasse, eu estaria ao seu lado para sempre.

Algumas lágrimas teimaram na tentativa de escapar, eu não queria chorar, uma delas finalmente quebrou a barreira e molhou minha face, um sorriso tímido veio à tona.

Posso jurar que naquele momento senti meu rosto corar, ele olhou para mim e sorriu, sem deixar de dançar, enxugou-a.

Tenho certeza que ele nunca entendeu e que provavelmente nunca chegue a entender o motivo daquela lágrima. Se fosse descrevê-lo com uma palavra ela certamente seria ‘contido’. Ele passou tanto tempo tentando se esconder, quando finalmente viu que não havia como, bem... Ele percebeu que podia confiar em mim.

Os acordes finais davam seus sinais, eu estava com a cabeça pousada em seu ombro direito, lembro-me exatamente das palavras que ele pronunciou.

“Nós estamos ligados, sempre estivemos, sempre estaremos”.

Ele continuou dançando até que a música acabou e a banda parou de tocar. Agiu como se nada houvesse dito. Mas nós sabíamos que ele estava certo, sabíamos o que havia sido dito e isso era algo tão nosso, tão singular, ninguém podia nos tirar aquela dança.

Aquela dança me mostrou o quanto eu podia amar alguém. O quanto eu podia amá-lo.

Hoje posso ouvir aquela mesma música, a nossa música, é como se tudo acontecesse novamente, cada mínimo detalhe, cada suspiro, cada passo daquela dança, cada palavra.

Eu o amei por tanto tempo à distância, amei por tanto tempo aquela ilusão, mas nada foi melhor do que estar nos braços dele, ser guiada por ele.

Nada pôde ser melhor que amá-lo, nem nunca será.

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(dos tempos de garoto apaixonada, tempos e tempos atrás)

Tolice

Algo dentro de mim está perdido, você vê? Penso que todas as coisas se perdem por um motivo, às vezes até mesmo para que possamos nos encontrar… Em algum ponto da estrada.

Que estrada? Boa pergunta, fico aqui divagando acabo me perdendo, tropeçando nas palavras, sem conseguir terminar um pensamento sequer… Pode isso?

Tolice!

Narro, me perco, faço hora, não lembro, não acho… Tolice! Pode isso? Falar, falar, falar e terminar por se perder no meio da fala?

Felicidade? É você?

Desespero

Escrevo palavras inutilmente, jogo-as num papel, despretensiosamente, desesperadamente.. Quem sabe assim eu consiga encontrar algumas poucas que me satisfaçam. Talvez não seja inútil, será? Um treino, um exercício?

13 de Setembro de 2011

Hoje não passa de ontem, mas ainda não é amanhã. Um breve espaço do tempo, uma pausa. Enquanto procuro palavras, rezando por inspiração, um homem na televisão tem uma tentativa frustrada de se matar. Dividimos o mesmo sentimento de fracasso? Em partes… mas olhando para trás e para o que eu me tornei, há muita vitória nos últimos tempos. Mas eu ainda preciso das minhas palavras e um longo abraço, por favor.

Abandono

Estive aqui por horas tentando encontrar palavras, nada me ocorreu. Talvez o problema seja a felicidade, talvez eu esteja tão preocupada com ela que tenha me esquecido de você, do que costumávamos ser, opostos. Toda aquela admiração que eu tinha pelas suas crenças, pelas suas atitudes, pelo que você pregava…

Hoje tudo o que eu faço é me perguntar se não estavamos errados durante todo esse tempo. Estavamos errados?

Desculpe-me, tudo me faz crer que sim, mas não quero, me recuso a acreditar. Não posso, posso? Você vê? Acho que você melhor do que ninguém compreende, nota a mudança, as palavras fugiram, restou a mediocridade.

E se tudo aquilo que você ama lhe abandona… para quem você recorre? O que você faz?

Para onde você foge?

sábado, 10 de setembro de 2011

Clareza

E se você sente algo, se sente alguma coisa…

Vai ser considerado um fraco?

Não, desde que você admita e consiga dizer.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Metamorfose

Sabe quando você sai de casa com a sensação de que vai morrer?

Estou morrendo.

O que me consome neste momento é uma transformação.

Não, não, mais que isso… Trata-se de uma metamorfose.

Algo desagradável está tomando conta de mim.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011