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terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Dança

“Nada é impossível”, disse ele enquanto me segurava pela cintura e me conduzia no ritmo da música. Deixei minha cabeça cair-lhe sob o ombro enquanto aquelas palavras ecoavam dentro de mim.

Lembro-me de ter fechado os olhos por alguns instantes, havia esperado tanto por aquele momento, tudo o que queria era guardar cada gesto, cada movimento. Queria guardar aquele momento para sempre.

Ele certamente me intimidava, eu podia jurar que nunca havia me sentido daquela maneira antes. Olhei-o nos olhos, ele me sorriu como se eu fosse a única coisa que lhe importava, eu estava sob o seu domínio, pertencia a ele. E ele me pertencia.

Pertencia-me como sempre, mas já não em um sonho tolo que uma garota tem sobre uma ilusão qualquer. Ele agora era tudo, menos ilusão. Era real, podia senti-lo comigo.

Nada poderia nos separar, estávamos ligados pela eternidade, o que quer que isso significasse, eu estaria ao seu lado para sempre.

Algumas lágrimas teimaram na tentativa de escapar, eu não queria chorar, uma delas finalmente quebrou a barreira e molhou minha face, um sorriso tímido veio à tona.

Posso jurar que naquele momento senti meu rosto corar, ele olhou para mim e sorriu, sem deixar de dançar, enxugou-a.

Tenho certeza que ele nunca entendeu e que provavelmente nunca chegue a entender o motivo daquela lágrima. Se fosse descrevê-lo com uma palavra ela certamente seria ‘contido’. Ele passou tanto tempo tentando se esconder, quando finalmente viu que não havia como, bem... Ele percebeu que podia confiar em mim.

Os acordes finais davam seus sinais, eu estava com a cabeça pousada em seu ombro direito, lembro-me exatamente das palavras que ele pronunciou.

“Nós estamos ligados, sempre estivemos, sempre estaremos”.

Ele continuou dançando até que a música acabou e a banda parou de tocar. Agiu como se nada houvesse dito. Mas nós sabíamos que ele estava certo, sabíamos o que havia sido dito e isso era algo tão nosso, tão singular, ninguém podia nos tirar aquela dança.

Aquela dança me mostrou o quanto eu podia amar alguém. O quanto eu podia amá-lo.

Hoje posso ouvir aquela mesma música, a nossa música, é como se tudo acontecesse novamente, cada mínimo detalhe, cada suspiro, cada passo daquela dança, cada palavra.

Eu o amei por tanto tempo à distância, amei por tanto tempo aquela ilusão, mas nada foi melhor do que estar nos braços dele, ser guiada por ele.

Nada pôde ser melhor que amá-lo, nem nunca será.

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(dos tempos de garoto apaixonada, tempos e tempos atrás)

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