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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Capitalismo de Estado molda a segunda etapa da globalização

O Leviatã, obra de Thomas Hobbes escrita no século XVII, tem como base o fato a insatisfação do homem, em seu egoísmo exacerbado, com o mundo, que não consegue suprir todas as suas necessidades, e para domar esse egoísmo e essa luta de ‘cada um por si’ surge, na concepção de Hobbes, a necessidade de um Estado que regulamente e imponha regras à sociedade civil, um governo absoluto e incontestável. O Estado seria o responsável pelo contrato social.

Desde a queda do Muro de Berlim acreditou-se que o liberalismo passaria a reinar daquele ponto em diante, o Estado estaria mais de acordo com idéias de John Locke, ou seja, serviria somente para a regulamentação e ordem, não haveria poder absoluto e incontestável, o Governo só se certificaria de que os contratos estariam sendo cumpridos.

O neoliberalismo foi então surgindo aos poucos, o neoliberalismo pode ser interpretado como um liberalismo aplicado, de fato, à realidade na qual nos inserimos, é o liberalismo colocado em prática.

Com a crise econômica de 2008, tudo isso foi virado ao avesso e eis que surgiu, de resquícios e necessidade, o que chamaríamos de ‘Novo Leviatã’, onde o estado retorna ao controle, dessa vez a fim de reorganizar um sistema em colapso.

Nos tempos da crise, várias empresas foram estatizadas, as despesas públicas aumentaram, foram lançados pacotes fiscais multimilionários de estímulo às economias e os déficits públicos cresceram a níveis recordistas.

Nos Estados Unidos esses sinais já vinham sendo notados antes mesmo da crise, George W. Bush contrariou as receitas econômicas liberais propaladas pelos republicanos promovendo aumento de gastos públicos com a Guerra do Iraque e, por outro lado, gastou também ampliando o sistema de saúde para idosos.

O termo Globalização, que era utilizado para associar a concorrência de grandes empresas privadas do mercado mundial, agora passa por uma transformação, onde é necessário rever seu significado. A emergência de empresas estatais entre grandes conglomerados globais reflete mudanças decisivas onde a principal é o sucesso de modelos estatais como o da China, onde as decisões são tomadas pelo núcleo de poder político.

A Segunda etapa da Globalização apresenta de maneira cada vez mais acentuada um aspecto policêntrico.

“Não é preciso apostar no rápido declínio dos Estados Unidos para constatar que o século XXI não será a era do liberalismo triunfante profetizada na hora da extinção do socialismo soviético.”

 

 

Baseado no Artigo de mesmo nome retirado do jornal Pangéia, Abril de 2010.

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