Páginas

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Confidencia

Gostaria de dizer… As palavras que aqui escrevo, por horas demasiadas, por horas escassas, ficam como ditas. Nada aqui escrito deverá ser usado contra mim, tudo foi dito, pelo bem e pelo mal, tudo está aqui… Registrado, confidenciado, marcado.

Todas aquelas palavras que por muitas vezes evitei, sublinhei, destaquei, ficam aqui colocadas com sutileza como uma grande obra.

Posso facilmente utilizar-me de exemplos, não me faltam exemplos, talvez faltem palavras, mas exemplos… Tenho aos montes.

Não agi com descaso, não faria tamanha desfeita com uma arte, com algo tão significativo quanto a construção de orações…

Acredito que meu cuidado com as palavras seja quase equivalente às escolhas de cores feitas por artistas renascentistas… Talvez não, não posso afirmar, de qualquer forma, qualquer um deles era, muito provavelmente, muito mais cuidadoso que esta que lhe escreve.

De fato, deixei escapar muitos pequenos detalhes, faltou acabamento, faltou aprimoramento. Não me arrependo.

Tudo que aqui escrevo fica como dito, não pode ser usado contra mim. Tudo aqui escrito não se foi, ainda está aqui, ainda está em mim.

As palavras podem assumir um tamanho assustador quando são ditas, ganham os céus, ganham os mundos, mas engana-se aquele que acredita que elas se percam no caminho. Não, palavras não se perdem, palavras constroem mundos, realidade e ilusão.

Cabe a elas uma tarefa que não pode ser feita por nenhum outro elemento, pertence a elas um poder inimaginável, sem cabimento, sem vergonha.

Tão difícil perceber assim? Tão maldoso perceber que elas lhe usam?

Você se engana ao acreditar que é dono de si próprio.

Nenhum comentário: