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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O primeiro encontro...

Lá estava eu, uma garota de doze anos em busca do violão dos sonhos... Meus pais me levaram à uma loja de música, isso, é claro, depois de muita insistência da minha parte.
Nós descemos do carro, mal podia conter a felicidade dentro de mim, era como se algo estivesse explodindo e eu não pudesse me segurar... Em passos apressados eu entrei na loja, e era como um paraíso, eu poderia morrer ali mesmo, não me queixaria! Parei por um segundo na porta e olhei em volta, à minha esquerda havia um local destinado a teclados, e uns passos a frente havia um piano de calda, preto, daqueles que eu costumava ver em filmes. Ao centro, o que eu acreditava ser um lugar para instrumentos de sopro, feito flautas e gaitas, era tudo tão lindo! Havia uma flauta transversal, e perto dela um lugar onde haviam violinos. Mas foi só quando eu olhei para a direita que meu coração começou a ficar acelerado.
Eles estavam lá, os violões, haviam as guitarras, os violões elétricos, e por fim, os violões acústicos. Ignorei as guitarras e tudo mais, eu queria o meu violão!
A ansiedade acalmou-se dentro de mim e eu andei até eles, meus olhos corriam por cada pedaço dos violões desde as cordas, de nomes até então desconhecidos por mim, até as tarrachas. Meus pais estavam logo atrás de mim, eu ignorei por completo a existência deles, era como se só houvesse duas coisas no mundo, eu e os violões.
Eu queria um violão preto, era o que eu mais queria, era tudo o que eu queria. "mãe aquele" disse apontando para um dos violões pretos, 'preto não filha! Ele desbota fica horrível', eu o queria, eu não podia prestar atenção em nenhum outro, 'mas mãe!'.
Enquanto isso meu pai falava com o atendente, algo como um violão não tão grande, um violão um pouco menor, eu não iria conseguir alcançar tudo que eu precisava se ele fosse dos grandes...
E o homem ouviu com atenção, parou por um segundo e nos levou mais adiante...  Não havia violões pretos daquela parte da loja, havia aqueles violões marrons, aqueles com um desenho meio esquisito rodeando a boca (a roseta). Meu pai pegou um deles e disse que aquele era o melhor, o homem concordou, e eu já estava imaginando o que seria de mim com um violão-não-preto.
Já podia me ver dali alguns meses, anos, fazendo parte de uma dupla sertaneja, ou algo do gênero, eu realmente não queria um violão daquele estilo, e o violão escolhido era exatamente desses que você vê na televisão quando duplas sertanejas estão tocando.
Mal sabia eu que iria encontrar meu melhor amigo.
Fomos ao caixa, e mesmo que aquele não fosse o meu escolhido, eu estava mais feliz do que qualquer pessoa no mundo!
Hoje quando olho para trás e embro disso percebo, a gente se engana demais nessa vida! Aquele que eu julguei e não queria pra mim, me acompanha há quatro loongos anos, e esta presente em cada dia do meu mês, da minha semana.  Meu Eagle. Meu Sweeney, meu melhor amigo.
Não o trocaria nem por um milhão de violões pretos.

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