Ocorreu-me recentemente o quanto ignoramos as pessoas e, a partir deste, surgiram várias problemáticas que se apoderaram dos meus pensamentos.
No ponto de ônibus passavam por mim desconhecidos, mas em algum momento deixei de vê-los dessa forma e criei, para casa um, histórias, vidas inteiras, em questão de segundos todos aqueles estranhos tornaram-se pessoas.
Acredito que talvez estejamos condicionados a ver as pessoas como vemos objetos, não depositando nelas expectativas, sentimentos, ignorando o fato de terem, assim como nós, família, trabalho, etc.
Essa impessoalidade me incomoda, nos prende à uma zona de conforto onde nos relacionamos de forma superficial e mecânica como se os exteriores fossem coisas e não seres humanos…
Não cabe a mim criticar o sistema, muito menos culpar este ou aquele pelo que passei a chamar de ‘coisificação do homem’, julgo cômodo demais ignorar quaisquer características no próximo, trata-lo como algo sem importância, deste modo fica mais fácil levar a vida, viver a rotina e o fardo de saber que há pessoas com problemas maiores que os seus passa a ser mais leve, quase deixa de existir.
Obviamente algo que chamou a atenção naquele dia… Uma coisa, e por coisa entenda uma pessoa, extrema, fora do padrão, em outras palavras: uma coisa estereotipada. Um senhor maltrapilho, veio em minha direção falando sozinho, cambaleando com uma garrafa em mãos.
“Um bêbado”, você logo imagina… É isso que se deve evitar, coisificação… Comecei a imaginar sua história, seus motivos, problemas, a partir disso ele deixou de ser uma coisa e se transformou em uma pessoa.
É preciso enxergar aquele ‘bêbado’ além desse rótulo, parar de julgar e simplesmente classificar e sistematizar desconhecidos. Se você olhar ao seu redor notará diversas pessoas cheias de peculiaridades sendo negligenciadas e vistas como coisas.
Se eu lhe desafiar a personificar uma coisa… Você seria capaz de transformar um estranho numa pessoa com sentimentos, opiniões e uma história, assim como você?
É um bom desafio.
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