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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Somos uma invenção de nós mesmos...

Bom eu estava revirando umas coisas velhas minhas e me deparei com uma revista do ano passado, de outubro, eu fiquei lendo essa revista e achei um texto do Ferreira Gullar que eu amei! Eu lembro de quase todas as palavras dele, cada frase, ai entao eu decidi postar ele aqui hoje, acho que vale a pena lê-lo ;)

Somos uma invenção de nós mesmos

Por Ferreira Gullar
Certo dia, me dei conta de que as pessoas se inventam, de que o ser humano é uma invenção de si mesmo. Veja se não é: a gente, quando nasce, é ninguém , não tem noção de nada, nem do mundo nem de si mesmo. Com o tempo vai aprendendo e então se pergunta: quem sou eu? E, para responder, começa a definir sua identidade. Aí começa a invenção. Claro, a sociedade já existia quando você nasceu, com os valores que a constituem e os quais você adquire pela educação. São valores que as pessoas, que vieram antes de você, inventaram.
O conjunto desses valores se chama cultura, desde a noção de justiça, de certo e errado, até como se prepara uma salada. Tudo isso é cultura e foi inventado, como foram inventadas as cidades e quase todas as coisas que estão nelas: as casas, os automóveis, o telefone, o computador, a energia elétrica, etc., etc. Quem vive na natureza é macaco e onça; nós, seres humanos, vivemos em um mundo cultural, inventado por nós. E dentro desse mundo, as pessoas também se inventam: umas se inventam educadoras, outras artistas, outras esportistas, outras operárias, outras vigaristas. Não estou dizendo que qualquer pessoa pode ser qualquer coisa, desde que decida ser.
Nada disso. Para ser esportista, por exemplo, a pessoa deve possuir determinadas qualidades sem as quais não terá êxito. Logo, cada um se inventa mas mediantes suas qualidades e necessidades, e é preciso que as outras pessoas o reconheçam como tal. Não adianta eu dizer que sou Napoleão, se ninguém acredita. Este é um dado importante: precisamos que o outro reconheça em nós a pessoa que inventamos ser. Por isso, nossa invenção tem que ser plausível, verdadeira. Não nos inventamos apenas para nós mesmos mas também para o outro que ao nos reconhecer, dá sentido a nossa invenção.
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Acho que eu não preciso dizer mais nada, eu adoro esse texto, acho que ele situa bem a nossa existencia, acho que nós de fato nos inventamos a cada dia, por isso as vezes é preciso nos concentrarmos para conhecer a nossa invenção. Espero que gostem do texto, ele é perfeito!
Beijos. ;*
C.

Um comentário:

Perciz disse...

Nossa Cá... Realmente o texto é muito bom... Parabéns pelo excelente gosto!

Seu blog tá bem legal. Bem legal mesmo. Muito bem escrito... E Coldplay na playlist apavora.

Bjão